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domingo, 6 de fevereiro de 2022

Metropolitano no mesmo ritmo da torcida

Atuais integrantes da banda Nafarra, da esquerda para direita: Luiz Paulo da Costa (baixo),
Fábio Inocenti (vocal), Rodrigo De Faveri (guitarra), Julio Melati (guitarra) e Clei Anderson (bateria). Fábio e Rodrigo são remanescentes da formação que fez “Meu Verdão”. (Divulgação)
Reportagem: Kunimund Krönke Junior, com informações do Jornal de Pomerode e do MetrôCast

Diferente das marchinhas comuns na cultura do futebol brasileiro, o Metropolitano adotou como hino uma homenagem em forma de pop rock feita por torcedores. O clube de Blumenau comemorou 20 anos em janeiro e um dos autores de “Meu Verdão” e o presidente da época relembram os fatos, da simples brincadeira, passando pela necessidade institucional até o sucesso da música dentro e fora do estádio.

Fundado em 2002, o Clube Atlético Metropolitano não teve hino oficial nem mascote por dois anos até a diretoria perceber a importância desses símbolos. “Quando subimos de divisões, a ficha caiu”, revela Robert von der Heyde, presidente entre 2004 e 2005, respectivamente os anos em que o Verdão subiu e estreou na primeira divisão do Campeonato Catarinense. “O clube foi crescendo e obviamente os sonhos iam aumentando. Imagine um time tendo destaque na mídia, conquistando títulos e tendo um vácuo de mascote e hino... Faz parte indispensável da identidade e identificação de qualquer clube que almeje algo maior”, explica o ex-dirigente.

Então dois músicos locais foram procurados para criar um hino oficial para o Metrô, “mas o resultado preliminar não me impactou”, afirma Billy, como também é conhecido. Sem querer, a solução veio da própria torcida. Fábio Inocenti, Rafael Dalagnolo e Rodrigo De Faveri acompanhavam o Verdão desde o primeiro jogo da história e na época todos eram integrantes da banda Nafarra. Num momento de descontração, resolveram fazer uma música para homenagear o clube. A demo em voz e violão foi mostrada para o diretor de futebol, Sandro Glatz, que gostou e pediu uma gravação profissional, inclusive se oferecendo para ajudar com os custos do estúdio. Depois de produzida, “Meu Verdão” foi apresentada à direção e oficializada.

Um dos autores do hino do Metropolitano, Fábio Inocenti conta como fizeram a música. (4:12)

De acordo com Robert von der Heyde, inicialmente a ideia era um hino tradicional, estilo marchinha, como defendiam alguns diretores. Para eles, o pop rock era algo mais informal e voltado para a torcida. “Honestamente isso me incomodava. Um clube novo precisa de algo inovador e que cative a nova geração. O novo sempre assusta”, analisa o ex-presidente. “No final, o resultado agradou a todos e o hino é um sucesso”, comemora Billy. Em 2014, o dirigente disse ao Jornal de Pomerode que a música ajudou o Metropolitano a conquistar jovens torcedores (e seus pais também) depois que o Blumenau Esporte Clube (BEC) acabou.

Foi exibida uma matéria na TV sobre a gravação do hino no estúdio e a música também toca no fundo das chamadas dos jogos. A partir disso, “Meu Verdão” ganhou as ruas, veículos de torcedores a caminho do estádio, principalmente o do SESI, e chegou às rádios. “[Aparecer na TV] Foi um presente que a gente recebeu do Metropolitano. Pra nós, torcedores, é uma honra fazer parte de alguma forma da história do clube”, agradeceu o Fábio Inocenti, em entrevista ao podcast oficial do Verdão (1:11:54, disponível também disponível no Spotify e no Google Podcasts). “Já tive momentos com a torcida que foram um negócio muito forte. Uma vez o SESI inteiro começou a cantar o hino. ‘Meu Deus do céu! A nossa música!’ No aniversário de 10 anos do Metrô, eu e o Rodrigo tocamos antes do jogo, de frente pra arquibancada. De arrepiar, né?”, lembra Fábio.

Fábio Inocenti e Rodrigo De Faveri, vocalista e guitarrista da banda Nafarra
e dois dos autores do hino do Metropolitano, durante festa de aniversário
de 10 anos do clube. (Reprodução/YouTube/kuniyw)

“Na época que o Metrô tava um pouco melhor, realmente era complicado sair do palco em qualquer lugar sem tocar ‘Meu Verdão’. Várias vezes a gente chegava no refrão e eu poderia sair do microfone que o pessoal cantava sozinho. Até quando a fase não é boa, sempre tem alguém que levanta no refrão e bate palma. A gente já viu outras bandas tocarem a nossa música!”, conta o vocalista da banda Nafarra. “Deu certo porque fizemos despretensiosamente. Se a gente tivesse pensado num hino, nas pessoas cantando no estádio, talvez buscasse alguma coisa mais no estilo tradicional, fazer uma marchinha. O clube era novo e nós não tínhamos muito o que falar”, analisa.

A música não está disponível nas plataformas de streaming de áudio. No YouTube, resultados da pequisa por “‘clube atlético metropolitano’ hino” que tenham cerca de quatro minutos de duração somavam mais de 36 mil visualizações até 30 de janeiro de 2022, audiência equivalente a 50 vezes o público pagante do último jogo do Metropolitano como mandante no Estádio do SESI (734 pessoas, de acordo com Borderô Eletrônico da Federação Catarinense de Futebol) em 2019.


Lance de família

Fábio Inocenti e Rafael Dalagnolo brincavam de compor desde os anos 1990. Depois de gravarem suas músicas sozinhos e se inscreverem no Festival Universitário da Canção (FUC) de 2000, os primos precisaram de reforços para a apresentação. “A gente chegou a ir pra final, se empolgou e resolveu ir atrás de outros músicos para formar uma banda”, lembra Fábio. A partir dali, a Nafarra só parou por mudanças de integrantes, pela falta de lugares para tocar e durante a pandemia da Covid-19.

Segundo o vocalista, as maiores influências da banda são o rock nacional dos anos 1980 (Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Plebe Rude, etc) e 1990 (Charlie Brown Jr. e Detonautas, por exemplo), além de clássicos (Beatles, Pearl Jam, Rolling Stones, Queen e Nirvana).

“Eu e meu primo crescemos juntos e sempre gostamos muito de futebol. Tinha um vinil com os hinos dos grandes clubes brasileiros e a gente ouvia aquilo, conhecia as músicas. E teve esse CD com uma releitura dos hinos que a [revista] Placar lançou com músicos conhecidos [em 1996], dando uma nova cara aos hinos. Alguns ficaram muito legais e alguns tinham uma pegada rock, como o do São Paulo e o do Atlético-MG. A gente ouvia muito isso. Acredito que nos tenha influenciado ou nos incentivado de alguma forma a ter essa ideia louca de fazer uma homenagem a um time de futebol”, pensa Fábio.

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