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domingo, 7 de maio de 2017

Criticado por músicos, Vila Germânica Rock Festival acontece neste domingo

Banda 39 Não é Febre tocou durante o Vila Germânica Rock Festival
em 2016. (Foto: Jaime Batista da Silva)
A partir das 16h, cinco bandas sobem ao palco do Setor 4 do Parque Vila Germânica (Eisenbahn Biergarten): Começa com Morning Storm (crossover thrash). Depois tocam Morenas Azuis (pop rock, 17h), Soulthern (heavy metal18h) e Rocket Engine (stoner metal19h). Velvet's Rock (clássicos do rock nacional e internacional) encerra a programação às 20h. Elas foram algumas que aceitaram tocar sem serem pagas. Essa condição provocou discussão nas mídias sociais e motivou protestos de músicos. O repórter Kunimund Krönke Junior reuniu a expectativa das bandas participantes, as críticas e sugestões de agentes culturais e as explicações dos organizadores do Vila Germânica Rock Festival. Ah! A entrada para o festival é gratuita.

“Esperamos que o evento seja com foi no ano passado, que teve bom público, estrutura de palco e sonorização bem legais e aquela galera alucinada na frente do palco!”, disse a banda Morning Storm, através da página no Facebook. Já a Velvet’s elogia a organização por passar “todas as informações referentes aos equipamentos e como funcionará no dia, etc.” e também espera depois do festival expandir a “área de trabalho” para além de Pomerode. “Sabemos que Blumenau possui inúmeras casas de show. Então, nossa expectativa é justamente criar visibilidade para que possamos atingir novos parceiros para apresentações.” Além de divulgar o trabalho da banda Morenas Azuis, de Brusque, os integrantes esperam “conhecer novas pessoas da cena de Blumenau e fazer amizades”.

Sobre a polêmica da falta de pagamento de cachê (leia mais abaixo), a banda Soulthern não soube. A Rocket Engine também não, mas reconheceu que “é um problema constante”. Para a Morning Storm, o ideal seria receberem pelo show. Porém, entendem que as bandas devem considerar o esforço que o poder público “está fazendo para manter o rock and roll vivo”. A Velvet’s entendeu que vale tocar no festival pela oportunidade de divulgar o trabalho para o público e possíveis contratantes.

Assista aos clipes das músicas próprias das bandas Rocket Engine, Soulthern
e Morenas Azuis, que tocam no Vila Germânica Rock Festival. (Youtube)

Críticas

O Vila Germânica Rock Festival causou polêmica quando foram abertas as inscrições. Segundo o regulamento, “não será fornecido cachê ou destinado qualquer pagamento/reembolso pela organização do evento às bandas selecionadas”. Amadoras ou profissionais, covers ou autorais, todas as bandas podiam participar. A única exigência é que fossem do Vale do Itajaí e os integrantes maiores de idade. O documento contém outras informações sobre escolha das bandas, apresentações e o local.

“Que tipo de evento ‘contrata’ um profissional e não o paga? Isto é permitido por lei? Então eu faço um evento, chamo pessoas para trabalhar de graça e ganho dinheiro em cima deles vendendo comida e bebida? E isso tudo com o apoio da Prefeitura de Blumenau? Como assim? O que é isso? Fico puto de como a classe artística é absurdamente desvalorizada a ponto do desrespeito ser tão na cara assim. Isto que é um evento feito por instituições ‘sérias’”. Depois de protestar no Facebook, Felipe Burgonovo sugeriu que músicos não se inscrevessem e que o público não fosse ao festival. “Enquanto pessoas se sujeitarem a trabalhar de graça nós continuaremos a ser desvalorizados! [...] Se nós não reivindicarmos nossos direitos continuará como já está”, escreveu o violonista.

Para o publicitário Juninho Tavares, não faltariam interessados em tocar, mesmo sem pagamento. “E sabe o que o artista vai dizer? ‘É uma forma de divulgar nosso trabalho.’ Penso que se você não vive de música (como não vivo também) não estrague o mercado dos profissionais que precisam de cachê para sobreviverem.”

O DJ Martin Soares entende que lucro não se resume à cobrança de ingressos. O público visita a Vila Germânica e pode consumir nos estabelecimentos. Também pode haver investimento de patrocinadores (no cartaz do festival aparecem apenas as marcas do Parque Vila Germânica, da Prefeitura de Blumenau e da Fundação Cultural) e locação de espaços para venda de comida e bebida. “Evento sem fins lucrativos é geralmente feito em espaço público e não em um centro comercial”, critica Martin.

A jornalista Soila Freese lembra que a falta de pagamento para os músicos é uma situação que se repete, “cansa e nem sempre ocorre por sacanagem, mas por acharem que o mínimo é o suficiente”. Ela sugere que o festival vire um concurso, com premiação. Já o produtor cultural Diego Lottin, afirma que a dinâmica do mercado cultural é diferente da do "mercado tradicional". Por isso, a remuneração não deve se limitar ao dinheiro e incluir a troca de serviço: apresentação por foto, vídeo, design, assessoria, agenciamento, entre outros.

Organizadores respondem

Na época diretor de promoção e lazer da secretaria de Turismo de Blumenau (órgão vinculado ao Parque Vila Germânica), João Paulo Taumaturgo afirmou que o Vila Germânica Rock Festival não tem fins lucrativos e que é uma é uma oportunidade para “bandas locais, não necessariamente profissionais, se apresentarem”. “Nós, músicos (que também sou), sabemos da dificuldade que encontramos para mostrar nosso trabalho autoral por vezes, por isso esta iniciativa”, explicou Taumaturgo.

De acordo com o regulamento, a organização do evento “fornecerá palco, som e iluminação para as apresentações”, mas as bandas devem levar seus próprios instrumentos, com exceção dos tambores da bateria.

A assessoria de comunicação do Parque Vila Germânica comentou na publicação de Felipe Burgonovo que, em 2016, o lucro da venda de bebidas foi “supérfluo” e não cobriu a despesa de palco, iluminação, sonorização e energia elétrica. Perguntada se existe outro tipo de ganho que as bandas podem ter ao participar do festival e se estava estudando incluir premiação - em dinheiro, em forma de material de divulgação, etc - para as próximas edições, a organização do evento não havia respondido, até a publicação desta matéria, ao e-mail enviado pelo blog.

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